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CCS discute impactos da inteligência artificial na Ciência

Em aula inaugural, docente do IBqM aponta riscos e benefícios da IA para pesquisa e ensino

A imagem mostra três pessoas de pé em um auditório, em frente a uma mesa longa com cadeiras pretas.

À esquerda, está uma mulher de cabelos curtos e ondulados, grisalhos, vestindo uma blusa verde-azulada estampada, calça vermelha e um colar grande vermelho. Ela usa um crachá pendurado no pescoço.

No centro, está um homem de cabelos brancos e óculos, vestindo um blazer azul-marinho sobre uma camisa branca, calça jeans azul e segurando um microfone, aparentemente falando ao público.

À direita, está outro homem de cabelos grisalhos, pele clara, com barba curta, vestindo uma camisa polo verde-escura e calça preta, com óculos pendurados na gola. Ele está com as mãos para trás, em posição relaxada.
Oliveira apresenta palestra sobre desafios e oportunidades da IA na Saúde | Foto: Artur Moês (CCS/UFRJ)

por:Carolina Correia (Ascom/CCS)
publicado em: 25/08/2025

O Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) realizou, em 21/5, sua aula inaugural do segundo semestre de 2025. Com o tema "Desafios e oportunidades dos algoritmos de inteligência artificial na área da saúde: construindo um olhar crítico para a inovação responsável", Marcus Oliveira, docente do Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis, discutiu sobre o papel da inteligência artificial na Universidade.

O professor iniciou sua apresentação reconhecendo o momento atual como um período de grande expectativa em torno da IA, mas alertou para a necessidade de se analisar criticamente suas implicações para a sociedade, o ensino, a pesquisa e o mundo acadêmico. A palestra enfatizou, sobretudo, a urgência de se construir um caminho para a inovação responsável, que equilibre o potencial da IA com a necessária ponderação ética e social.

Listando uma série de aplicações práticas da IA que já impactam positivamente os laboratórios, como a criação de novos antibióticos, a observação de moléculas complexas e o estudo de doenças, desenvolvidas por empresas de tecnologia para funções específicas, Oliveira dedicou grande parte de sua exposição aos potenciais problemas associados à tecnologia.

A imagem mostra três pessoas de pé em um auditório, em frente a uma mesa longa com cadeiras pretas, durante um evento acadêmico.

À esquerda está Lina Zingali, vice-decana do Centro de Ciências da Saúde (CCS), com cabelos curtos e ondulados, grisalhos, vestindo uma blusa verde-azulada estampada, calça vermelha e um colar grande vermelho. Ela usa um crachá pendurado no pescoço. No centro está Luis Eurico Nasciutti, decano do CCS, de cabelos brancos e óculos, vestindo um blazer azul-marinho sobre uma camisa branca e calça jeans azul. Ele segura um microfone e parece estar falando ao público. À direita está Marcus Oliveira, professor do Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis (IBqM/UFRJ), de cabelos grisalhos e barba curta, vestindo uma camisa polo verde-escura e calça preta, com óculos pendurados na gola. Ele está com as mãos para trás, em posição relaxada.
Comunidade universitária participa de atividade acadêmica no auditório no CCS | Foto: Artur Moês (CCS/UFRJ)

De acordo com ele os algoritmos não são neutros e carregam consigo vieses algorítmicos que podem ampliar desigualdades sociais. Os dados mostram que o impacto será muito maior nas classes D e E que, com menor acesso à informação, tornam-se mais suscetíveis aos impactos negativos da automação no mercado de trabalho. Outros riscos destacados foram a falta de transparência nos processos de decisão da IA, onde até mesmo especialistas têm dificuldade de compreender o raciocínio artificial; a possibilidade de erros; questões de responsabilidade legal; ameaças à privacidade e a má qualidade dos dados utilizados.

O pesquisador também vinculou o avanço da IA ao aumento exponencial de artigos científicos publicados por revistas predatórias, questionando a qualidade dessa produção e alertando para uma "quantrofenia acadêmica" e uma "ciência impaciente". Oliveira relacionou a pressão por hiperprodutividade, amplificada pelas ferramentas de IA, ao aumento da carga na pós-graduação, à perda de interesse pela ciência e à epidemia de doenças psicossociais na juventude. Ele apresentou dados alarmantes, afirmando que jovens na pesquisa têm quase 2,5 vezes mais chance de desenvolver doenças mentais. O uso de IA no processo de revisão por pares (peer review) também foi apontado como uma prática que merece atenção e regulação.

Apesar dos questionamentos, Oliveira deixou claro que não é contra a tecnologia.

"Como crítico que sou, uso inteligência artificial e acho que devemos usar. Esse é um dos principais recados que deixo, principalmente para os docentes: não tem volta e nós vamos precisar utilizar no ensino, pesquisa e extensão. É uma onda que temos que surfar", declarou.