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Projetos do CCS são contemplados em edital nacional da FINEP para fortalecimento da infraestrutura científica

Pesquisas nas áreas de Saúde e Transição Ecológica destacam excelência e relevância social das pesquisas da UFRJ

Um jovem negro usando jaleco branco e luvas azuis manuseia uma micropipeta em um laboratório. Ele transfere líquido para um tubo de ensaio posicionado em uma bancada de madeira com caixas organizadoras, reagentes e materiais de pesquisa. O ambiente é bem iluminado e típico de um laboratório de ciências biológicas.
Projetos mostram capacidade inovadora e versátil do CCS | Foto: Renato Mariz (CCS/UFRJ)

por:Carolina Correia
publicado em: 03/11/2025ultima edição: 03/11/2025

O Centro de Ciências da Saúde (CCS) teve dois projetos contemplados em uma das mais importantes chamadas públicas nacionais de fomento à infraestrutura científica: o edital Centros Temáticos 2024 da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). A iniciativa tem como objetivo fortalecer os Centros Nacionais de Infraestrutura de Pesquisa Científica e Tecnológica, apoiando projetos de pesquisa aplicada que contribuam com soluções nas áreas de Transição Energética, Transição Ecológica, Transformação Digital, Saúde e Defesa.

O edital buscava também fomentar a cooperação entre universidades, institutos e fundações de amparo à pesquisa, garantindo a sustentabilidade e a modernização dos laboratórios científicos do país. Segundo Cláudia Figueiredo, coordenadora de Pós-Graduação e Pesquisa do CCS, o resultado é motivo de orgulho e reafirma a relevância nacional das iniciativas do Centro.

“Nosso Centro foi o único da UFRJ a ter projetos aprovados e teve duas iniciativas em áreas distintas, demonstrando a vitalidade e a diversidade da nossa produção científica. Além disso, o projeto da área de Saúde obteve a nota mais alta de todo o país, o que reforça o reconhecimento nacional da excelência das pesquisas conduzidas aqui e o papel estratégico do CCS no avanço da ciência e da inovação na área e no Brasil.”

Transição Ecológica e economia da biodiversidade

Na Linha 3 – Transição Ecológica, foi contemplado o projeto “Centro Temático (CT) em Transição Ecológica: Consórcio UFRJ e Parceiros”, coordenado pela professora Suzana Leitão, da Faculdade de Farmácia. A proposta reúne grupos de pesquisa da UFRJ, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), e tem como eixo central o estudo da sociobioeconomia e da economia da biodiversidade como motores do desenvolvimento sustentável.

De acordo com Leitão, o consórcio tem como propósito “catalisar a cooperação entre grupos de pesquisa bem estabelecidos para desenvolver soluções baseadas na bioeconomia e na valorização da biodiversidade brasileira”. O foco é integrar ciência, tecnologia e inovação para transformar o uso de recursos naturais em oportunidades econômicas sustentáveis.

A iniciativa abrange ações nos biomas Amazônia e Mata Atlântica, envolvendo estudos de bioprospecção, análise de grandes volumes de dados e aplicação de inteligência artificial para o tratamento de informações ômicas – como metaboloma e volatiloma – fundamentais para compreender os processos biológicos e ecológicos que sustentam esses ecossistemas.

“Estamos formando uma rede de colaboração que une pesquisadores experientes e jovens cientistas em torno de uma agenda estratégica para o país. A proposta é avançar na pesquisa aplicada e contribuir para cadeias produtivas sustentáveis, fortalecendo a bioeconomia nacional”, explicou a professora.

Com os recursos do edital, será adquirido o Orbitrap Exploris™ 240, um equipamento de altíssima resolução que permitirá à Central Analítica do Departamento de Produtos Naturais e Alimentos (CA-DPNA), laboratório multiusuário da Faculdade de Farmácia, ampliar significativamente sua capacidade de análise e de prestação de serviços científicos e tecnológicos.

“O novo equipamento elevará a qualidade das nossas análises e abrirá espaço para novas colaborações com o setor produtivo e com outras instituições de pesquisa. Isso coloca a Central Analítica e a UFRJ em um novo patamar de excelência e competitividade científica”, destacou.

Avanço na pesquisa sobre doenças neurodegenerativas

Na Linha 5 – Saúde, foi selecionado o projeto “Novos biomarcadores e terapias avançadas para doenças neurodegenerativas na população brasileira”, coordenado pelo professor Sérgio Ferreira, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF).

Uma pessoa usando máscara observa uma imagem ampliada em um monitor de computador, que mostra uma micrografia obtida por microscopia eletrônica. À frente, há parte de um microscópio, e o ambiente parece ser uma sala escura de análise científica. A imagem na tela exibe estruturas celulares em escala nanométrica.
Iniciativas trabalham com novas tecnologias e devem realizar parceria com outras instituições| Foto: Renato Mariz (CCS/UFRJ)

A pesquisa tem como foco a identificação de biomarcadores plasmáticos — moléculas presentes no sangue — que possam auxiliar no diagnóstico e no acompanhamento de doenças neurológicas, especialmente a doença de Alzheimer. O grupo pretende ainda expandir os estudos para outras enfermidades neurodegenerativas relevantes.

“Nosso objetivo é encontrar marcadores biológicos que ajudem a detectar precocemente doenças neurológicas e a prever sua evolução, oferecendo subsídios para estratégias mais eficazes de tratamento e acompanhamento”, explicou Ferreira.

Os recursos obtidos no edital serão aplicados na aquisição de equipamentos de análise ultrassensível, além da compra de kits, reagentes e insumos especializados. O investimento também permitirá treinar estudantes e jovens doutores em metodologias de ponta, fortalecendo a formação de novos pesquisadores e consolidando o protagonismo do CCS no campo das neurociências.

“Essa é uma pesquisa que posiciona o CCS/UFRJ na fronteira mundial dos estudos sobre biomarcadores plasmáticos. O apoio da FINEP é decisivo para darmos continuidade a investigações de longo prazo, que exigem estabilidade e infraestrutura moderna”, afirmou o professor.

Ferreira também destacou o papel estratégico dos editais públicos de fomento:

“O subfinanciamento crônico da ciência no país dificulta o planejamento e a execução de pesquisas de alto impacto. Editais como este são um alento e uma oportunidade para consolidar projetos inovadores e formar novas gerações de cientistas”, avaliou.