Telemicroscopia conecta especialistas e avança no diagnóstico de doenças no Brasil
Projeto do IBCCF, com apoio do Ministério da Saúde, usa tecnologia para ultrapassar barreiras geográficas e ampliar acesso à microscopia eletrônica

Um projeto pioneiro desenvolvido pelo Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF) está utilizando a telemicroscopia para revolucionar o diagnóstico de patologias que dependem de análise ultraestrutural em todo o país. A iniciativa, financiada pelo Ministério da Saúde, conecta hospitais e centros de pesquisa por meio de uma plataforma remota, permitindo que patologistas tenham acesso a equipamentos de alta tecnologia e expertise especializada independentemente de sua localização.
De acordo com Ingrid Augusto, professora; Laila Asth, pós-doutoranda; e Brenda Fachetti, tecnóloga; todas do IBCCF, a concentração de microscópios eletrônicos na região Sudeste tem sido um obstáculo para o diagnóstico preciso em outras regiões do Brasil. A telemicroscopia surge como uma solução inovadora, viabilizando a incorporação de análises morfológicas detalhadas na rotina hospitalar e impactando diretamente na precisão dos laudos.
As pesquisadoras explicam que um dos principais objetivos é engajar patologistas de diversas subespecialidades.
“Nossa missão é demonstrar de forma clara o valor complementar que essa tecnologia pode agregar aos seus diagnósticos e facilitar o acesso a ela. Essa troca é fundamental para alinhar expectativas, integrar conhecimentos e, juntos, chegarmos ao diagnóstico final de forma ágil e precisa”, afirmam.
A estratégia atual da equipe inclui divulgação ampla e treinamento de profissionais, seguindo o modelo train the trainer, para capacitação em escala. O projeto recebe materiais de doenças nas quais a microscopia eletrônica de transmissão pode ser decisiva. As pesquisadoras detalham que o processo de coleta e envio do material é cuidadosamente estruturado para garantir a integridade das amostras e a confidencialidade dos pacientes.
Atualmente, participam da rede hospitais como o Clementino Fraga Filho (UFRJ), Pedro Ernesto (UERJ), o Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer, no Rio de Janeiro, e a Fundação Hospitalar Alfredo da Matta, em Manaus. Os centros de microscopia eletrônica envolvidos são o Centro Nacional de Biologia Estrutural e Bioimagem (Cenabio/UFRJ) e o Centro Multiusuário para Análise de Fenômenos Biomédicos da Universidade do Estado do Amazonas (CMABio/UEA).
Além do suporte diagnóstico, a iniciativa prevê a criação de um banco de imagens digitais para treinamento de algoritmos de inteligência artificial, que no futuro poderão auxiliar na triagem e no reconhecimento de padrões morfológicos. A equipe também trabalha na elaboração de um manual e um atlas de referência para expandir o modelo de telemicroscopia para outros centros do país.
Médicos e hospitais interessados em participar podem entrar em contato por meio do e-mail: telemicroms@gmail.com
